Para os reis absolutistas, a função da colônia era enriquecer a metrópole. Por isso, durante a colonização da América, os reis de Portugal e da Espanha adotaram várias medidas mercantilistas. A principal delas era o monopólio: as colônias só podiam comerciar com a metrópole. A colônia onde hoje é o México, por exemplo, só podia comerciar com a Espanha; o Brasil colônia só podia comerciar com Portugal. Além disso, era o governo da metrópole que criava leis e impostos para as colônias e nomeava os funcionários coloniais.
O SISTEMA COLONIAL EM CRISE
No século XVIII, com o crescimento das colônias e o enriquecimento da elite colonial, esse sistema de dominação - hoje chamado antigo sistema colonial - começou a ser duramente criticado. Ele já não atendia aos interesses dos colonos, que desejavam comerciar livremente com vários países.
Além disso, a Revolução Industrial, as lutas pela independência na América do Norte e o Ilusionismo também contribuíram para a crise do sistema colonial. Os industriais ingleses queriam aumentar a venda de seus produtos comerciando livremente com os países latinos. Esse é o principal motivo por que a Inglaterra passou a apoiar os movimentos de libertação nas colônias da América espanhola e portuguesa. As lutas de independência na América do Norte e os ideais iluministas de oposição ao absolutismo serviram de incentivo a outras colônias americanas.
Opressão na América Espanhola
No final do século XVIII, a opressão espanhola sobre a América se intensificou. Para sustentar as guerras em que se envolveu, a monarquia espanhola aumentou os impostos das colônias. Nos últimos 25 anos do século XVIII, as colônias enviaram para a Espanha cerca de 10 milhões de pesos por ano em impostos. Cerca de 75% dessa quantia saiu de onde hoje fica o México.
Além disso, a Espanha proibia os colonos de montar manufaturas. Muitas manufaturas têxteis, chamadas na América de obrajes, foram destruídas a mando das autoridades espanholas. A produção de seda na América foi liquidada. Toda essa opressão causava enorme descontentamento nas colônias. Na época, a vida na América colonial espanhola também era, por sí só, bastante tensa: uma minoria branca, formada pelos chapetones e pelos criollos, dominava uma maioria composta por indígenas, mestiços e afrodescendentes.
Havia ainda o fato de que os chapetones e os criollos não tinham os mesmos privilégios; só os chapetones ocupavam os principais cargos no governo, no exército e na Igreja. Embora ricos, os criollos eram impedidos de ocupar tais cargos. Isso ajuda a entender porque os criollos abraçavam ideais iluministas e lideraram as lutas pela independência na América espanhola. Já nas Antilhas, as lutas pela independência foram lideradas por africanos escravizados.
A INDEPENDÊNCIA DO HAITI
Situada nas Antilhas, a ilha de SÃO DOMINGOS havia sido colonizada pelos franceses, que lá estabeleceram grandes fazendas escravistas produtoras de gêneros tropicais como açúcar, algodão e fumo. No século XVIII, a exportação dessas mercadorias tornou São Domingos a mais rica das colônias francesas. A elite branca da ilha vivia luxuosamente, e muitos mandavam seus filhos estudar na França. Já os africanos escravizados, cerca de 80% da população local, morriam aos milhares, em consequência da fome e das péssimas condições de trabalho.
Reagindo à opressão, em 1791 os africanos e seus descendentes iniciaram um dos maiores levantes escravos já ocorridos na América. O ex-escravo Toussaint L'Ouverture foi um dos principais comandantes da rebelião.
As lutas dos escravizados nas Antilhas repercutiram também na Europa; os revolucionários franceses aboliram a escravidão em todas as colônias francesas em 1801. L'ouverture, então, ascendeu ao poder e conquistou a parte oriental da ilha, onde libertou os escravos da região. Em 1802, porém, tropas militares, a mando de Napoleão Bonaparte, desembarcaram na ilha e reprimiram duramente o movimento de libertação. L'ouverture foi preso e enviado para a França, onde acabou morrendo numa prisão. As lutas continuaram, comandadas por Jean-Jacques Dessalines, outro líder popular. Usando como lema " Liberdade ou Morte!" , o exército de Dessalines conseguiu vencer os franceses e proclamar a Independência, adotando a partir de então o nome indígena Haiti, do aruaque ahiti, que significa " terra montanhosa".
Nascia, assim, a República do Haiti, o segundo país da América a se tornar independente. Contudo as nações europeias só reconheceram a independência do Haiti cerca de vinte anos depois.
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO HAITI
LUTAS SOCIAIS NO PERU:
Os indígenas e os mestiços do México e do Peru queriam o fim do trabalho forçado (mita e encomienda), dos impostos abusivos e da discriminação que sofriam por parte dos brancos. Em fins do século XVIII, nas terras do atual Peru, o mestiço José Gabriel Condorcanqui liderou uma revolta contra essa situação. Descendente de uma antiga família Inca, José Gabriel tornou-se conhecido como Túpac Amaru, nome do último imperador inca.
A revolta de Túpac Amaru foi um movimento popular, entre indígenas. mestiços e uns poucos criollos. O movimento estendeu-se por várias regiões do Vice-reino do Peru. Os rebeldes obtiveram vitórias significativas contra as forças repressoras no Peru, mas acabaram derrotados. Em 1781, Túpac Amaru foi degolado e esquartejado na praça central da cidade de Cuzco.
A LUTA PELA TERRA DO MÉXICO
Enquanto os afrodescendentes do Haiti lutavam por liberdade e os indígenas do Peru exigiam o fim da exploração no trabalho, no México os camponeses, liderados por padres humildes, clamavam por terra para plantar. Independência com divisão da terra entre os pobres foi o que moveu os camponeses mexicanos a lutar sob a liderança dos padres Miguel Hidalgo e José Maria Morelos.
Em 1810, um exército de camponeses pobres liderado pelo padre Hidalgo sublevou-se carregando estandartes em que se via Nossa Senhora de Guadalupe, representada como uma mestiça do rosto salientes, como milhões de nativos do México.
Os rebeldes conquistaram algumas cidades, mas acabaram derrotados. Hidalgo foi fuzilado por ordem dos criollos e chapetones, unidos na repressão a esse movimento que punha em risco seus privilégios.
NAPOLEÃO E A AMÉRICA ESPANHOLA
Poucos antes disso, na Europa, as forças de Napoleão invadiram a Espanha, destituíram o rei Fernando VII e colocaram seu irmão, José Bonaparte, no trono espanhol; os espanhóis reagiram à invasão pegando armas. Na América espanhola, os criollos aproveitaram-se do fato de a Espanha estar sem seu legítimo rei e formaram juntas governativas (governos locais), passando a se autogovernar em várias colônias. Essas juntas governativas realizaram o antigo sonho dos criollos de comerciar livremente com todos os países.
Algumas juntas iniciaram o movimento pela independência. As lutas intensificaram-se depois que os franceses foram expulsos da Espanha. O rei espanhol Fernando VII reassumiu o trono e enviou milhares de soldados para tentar impedir as independências na América. Para isso, contou com a ajuda dos exércitos da Santa Aliança, que queriam restabelecer a antiga ordem. Apesar de tantas forças contrárias, os colonos da América hispânica conseguiram a vitória.
A INDEPENDÊNCIA DO MÉXICO
No México, o rompimento com a Espanha teve um caminho singular: durante a repressão aos movimentos camponeses, as autoridades espanholas confiaram o comando das tropas ao coronel Augustin Itúrbide. Este aproveitou-se da situação para fazer um acordo com os camponeses - o qual nunca viria a cumprir - e proclamou a independência do México, sagrando-se imperador com o nome de Augustin I (1821). Dois anos depois, a elite criolla do México derrubou o imperador e proclamou a república.
Na América do Sul, os exércitos de libertação, com um total de 4 mil soldados, comandados pelo argentino José San Martín, libertaram inicialmente a Argentina (1816) e, depois, o Chile (1818). Em seguida, o "exército dos Andes" desembarcou na costa peruana, protegido por navios ingleses, e libertou o Peru (1821). A Inglaterra tinha interesse em conquistar mercados na América. Outro exército de libertação, comandado por Simón Bolívar, venceu as forças espanholas sucessivas vezes, libertando a Colômbia (1819), o Equador (1822) e a Bolívia (1825).
Monumento à Independência na Cidade do México
REAÇÕES EXTERNAS À INDEPENDÊNCIA
Nas lutas para impedir a libertação de suas colônias americanas, a Espanha contou com os exércitos da Santa Aliança. Apesar disso, foi derrotada pelos latino-americanos. Estes, por sua vez, foram ajudados pela Inglaterra, que desejava ampliar seu comércio com esses países, comprando matérias-primas e vendendo produtos industrializados.
Outro país que apoiou o processo de independência latino-americana foram os Estados Unidos, que desejavam estender sua influência política e econômica sobre toda a América. Prova disso é a Doutrina Monroe, lançada pelo presidente norte-americano James Monroe, em 1823, cujo lema era "a América para os americanos".
Livros relacionados:
BARBOSA, Alexandre de freitas. A independencia dos países da América Latina. SP saraiva 1997.
PRADO, Maria Lígia. A formação das nações latino-americanas: anticolonialismo, anti-imperialismo, Editora da UNICAMP. 1987
Sites relacionados:
>www.independenciasulamericana.com.br
>www.bvmemorial.fapesp.br
Ajudou!!!!
ResponderExcluirEm "O Sistema Colonial em Crise", no segundo parágrafo, há um erro. Foi colocado Ilusionismo, ao invés de Iluminismo.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirAjudou muito!!
ResponderExcluirMuito obrigado!!
Muitoo obrigadoo
ResponderExcluirMe ajudou muitoo!!
Muito bom
ResponderExcluirfiz meu trabalho quase todo por aqui
ResponderExcluirobrigada!
fiz meu trabalho quase todo por aqui
ResponderExcluirobrigada!
muito bom ajudo
ResponderExcluirgostei , fica melhor pra apresentar pra turma
ResponderExcluirMuuuito bom, ajudou bastante!
ResponderExcluirajudou muitooo
ResponderExcluirajudou muito !!
ResponderExcluirObg me ajudou muito valeu😋😚
ResponderExcluirAlguém pode me ajudar em uma introdução sobre esse assunto
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